Histórias da Estrada (Barra do Cahy - Prado-Ba)

Amanhece o dia 11 de março de 2012, Prado já deixando saudade, muitos motociclistas pegando a estrada, e a cidade esvaziando, despedimos dos amigos dos Amantes da Estrada que já iam embora também, com a exceção do Edinho que resolveu ficar conosco na casa mais um dia e só partir dia 12.

Nós Caveiras do Asfalto (Amanda, Ednaldo, Shirley, Carol, Michel e eu) juntamente com o Edinho resolvemos conhecer Cumuruxatiba, uma praia paradisíaca que fica a 28 km do centro de Prado.

Saímos as nove da manha e pegamos uma estrada de chão cheia de areia e começamos o passeio, rodamos 16 km e demos uma parada pra esfriar as motos, principalmente a minha CB 500 e a 7 galos de Michel, quando tentamos dar partida para continuar, a moto de Michel não quis pegar, por conta da temperatura ela sempre fica pesada e tem que esperar esfriar para poder ligar.

Michel ficou preocupado, pois ele e Carol sairiam naquele dia ainda de tarde para Itabuna, pois trabalhariam na segunda cedo, então eles desistiram do passeio de Cumuruxatiba.

Nos despedimos e ficamos de nós encontrarmos na casa assim que voltássemos do passeio lá pelas 14 horas, então seguimos somente em três motos, rodamos mais 12 km e chagamos ao vilarejo, um lugar muito bonito com uma represa e cheia de pousadas e casinhas coloridas.

Paramos pra descansar num bar, onde tomamos (algo), e começamos a jogar conversa fora, e felicitar a nossa chegada ali, um lugar isolado e muito bonito que poucas pessoas conhecem, conversa vai e conversa vem o dono do bar disse que teria uma praia muito bonita seguindo a estrada em direção ao norte, chamada Barra do Cahy, a curiosidade logo bateu na porta e resolvemos seguir.

Foram mais 22 km de chão até chegar nesse local, os últimos 4 km para chegar nessa praia passamos pelo ramal de uma fazenda, foram 14 mata-burros no total, atravessamos um campo verde sem nada, parecia um deserto verde, o Monte Pascoal parecia tão perto, acho que estávamos passando por dentro da reserva talvez.

Nos últimos metros conseguimos chegar a uma fazenda onde tinha um acesso a praia que avistávamos lá de cima, e uma placa dizendo “cuidado vaca brava”.

Assim que entramos nessa estrada que cortava essa fazenda, como de imediato uma vaca nelore partiu de lá de trás de uma arvore em direção agente, tive que acelerar a 500 no ramal de terra, jogando areia pra tudo que e lado saindo jogando o fundo para escapar da cabeçada da vaca que tive certeza que iria doer.

Conseguimos chegar a tal praia, e para a nossa surpresa não tinha nada pra comer e nem beber, o único restaurante que existia naquele lugar estava fechado há anos, aquilo parecia um cenário de ilha deserta, muito bonito, mas cruel.

Estávamos mortos de cansado, com sede e fome, então eu e Edinho saímos no meio do mato atrás de um caju ou côco para agente comer, não encontramos nada, resolvemos que ficaríamos mais um pouquinho lá e logo partiríamos pra voltar, já que ali não oferecia muito conforto e nos tínhamos muita areia pra pegar nessa volta.

Então resolvemos tomar um banho de mar, e confesso e todos confirmaram, foi o banho de mar com a água mais quente que tomamos, um dos melhores banhos de mar da minha vida, talvez o melhor por todas as dificuldades que passamos para chegar lá.

Então nos preparávamos para voltar quando encostamos na vidraça do restaurante abandonado e percebemos que tinha uns adesivos de moto clube (uns 2 ou 3) grudados lá junto com um outro adesivo de jipeiros que também lá estiveram.

Não poderíamos sair de lá sem colocar o nosso também, mesmo que seja um lugar deserto aonde quase ninguém vai, deixaríamos a presença Caveira lá para que ela ajudasse a guardar aquele paraíso bem de frente aquele mar..... (lembrei de LOST agora....rsrs)

Assim que colocamos os adesivos no vidro do restaurante abandonado, surgiu um casal que vinha assim do canto da praia pelo mato com 2 capacetes na mão, nos perguntando  “ vocês também são de moto clube?”

Começamos a conversar e logo chegamos a mesma conclusão, estávamos todos com fome e vitimas daquela praia paradisíaca que nos atraiu para lá. Eles viam do mato porque também estavam buscando alguma coisa para beber ou comer.

Conversamos um pouco mais numa sombra, eles se chamam Tico e  Diu do Elemental MC de Salvador, ficamos lá nos preparando para voltarmos juntos naquela estrada terrível, quando tive a idéia de chamá-los para comer a Feijoada que havia sobrado do dia anterior da 1° Feijoada do Caveira.

Fizemos o convite e todos nós seguimos em direção a Prado, e vínhamos na estrada tirando fotos, quando chegamos em Cumuruxatiba novamente pudemos beber água e comer umas paçocas que havia num barzinho.

Tomamos um banho naquela represa muito bonita e continuamos a seguir o caminho da volta, mas já era 14 horas e assim que meu celular deu sinal novamente, Michel e Carol que já estavam prontos para pegar a estrada nos avisaram que teriam que ir, e não poderiam nos esperar, afinal estávamos saindo ainda de Cumuruxatiba ainda e restavam 28 km de chão para a gente.

Então nos despedimos por telefone e desejamos boa viagem uns aos outros e eles seguiram em direção a Itabuna e nós voltamos a pegar a estrada de chão rumo a Prado, (entre ida e volta rodamos 105km de chão aquele dia)

Chegando à nossa casa comemos a feijoada com o casal do Elemental MC, jogamos muita conversa fora, marcamos a viagem de volta no dia seguinte bem cedinho e selamos a nossa amizade que foi o principal presente dessa praia deserta.

MORAL DA HISTÓRIA

QUANDO VOCE MENOS ESPERA, NOS LUGARES MAIS REMOTOS, SEMPRE EXISTE UM AMIGO MOTOCICLISTA, E NÃO É NADA DIFICIL ALI DESENVOLVER UM DIALOGO, PREGAR A FRETERNIDADE E O COMPANHEIRISMO, E SELAR MAIS UMA AMIZADE NESSAS ESTRADAS DA VIDA.